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Sempre compreendi a missão de fazer pregações em trens e praças, a ideia é clara: conquistar, converter, relatar feitos e mudanças em nome de Deus. Porém, um homem demostrava todo seu poder de persuasão ao fazer uma pregação religiosa por um telefone publico. Logo pensei que um orelhão é limitado demais para essa empreitada. Se bem que, mesmo assim ele podia ser ouvido da esquina em que me encontrava. O homem, o telefone e a bicicleta que o acomodava, pareciam um único corpo: “Satanás é ardiloso” gritava. “ele usa de ótimas artimanhas de persuasão. Não de ouvido a ele, Irmã”. Depois, mais calmo: “amanhã passarei aí e ajudarei com este mal, Irmã. Estarei orando por você”. Desligou, respirou bem fundo e foi embora com seu meio de locomoção com cara de ter cumprido a primeira parte de uma grande missão.
Texto: Filipe Dias (Um conto e meio)
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